Homenagem à saudosa e conceituada Profa. Celina Leonel Barreto
Celina Leonel Barreto, nasceu em Itapetininga – SP, no dia 01 de maio de 1927, em um feriado internacional, dedicado aos trabalhadores. Viveu 73 anos no século XX, mais os primeiros 22 anos do século XXI. Filha de Pedro Cesarino Barreto, funcionário dos correios e Isolina Leonel Ferreira, uma professora de educação básica.
Na década de 30, a família viveu alguns anos em municípios vizinhos, como Capão Bonito e Guapiara, onde a Profa. Isolina lecionou por alguns anos. Na década de 40, de volta a Itapetininga, a família Leonel Barreto passa a residir na casa da rua Dom Joaquim, no centro da cidade. Celina estudou na Escola Normal Peixoto Gomide, se destacando pela sua inteligência e dedicação, conclui o magistério em 1951. Inicia a sua carreira docente na Escola Rural do Apiaí Mirim, voltando a residir, por mais uma temporada, no munícipio de Capão Bonito. Algum tempo depois, conhece Benedito Marques da Silva, comerciante, proprietário de uma casa de materiais e serviços elétricos situada na Rua Campos Sales. Em 1955 com o casamento com Benedito, passa a assinar Celina Leonel Barreto da Silva; dessa união nasceram três filhos - Benedito Marques da Silva Junior, médico veterinário (falecido), Maria das Graças Barreto da Silva, enfermeira pediatra e Marco Antônio Marques da Silva, desembargador (aposentado). O casal Marques da Silva participa ativamente da vida social de Itapetininga, onde foram membros do Lions Clube e sócios dos clubes Venâncio Ayres e Recreativo de Itapetininga. Em 1964, Benedito adoece e acaba falecendo precocemente, deixando a família e os negócios. Sozinha, com três filhos pequenos para educar, procurando conciliar os rumos da sua vida profissional e o empreendimento deixado pelo marido, Celina opta em vender a loja de materiais e serviços elétricos e se dedicar somente à educação.
Por várias décadas atuou na antiga Delegacia de Ensino e ampliando suas perspectivas profissionais passou a cursar o chamado Cades de Geografia, o que a habilitou lecionar no ensino fundamental (antigo ginásio), atuando como professora substituta na Escola Peixoto Gomide. Nesse mesmo período, concomitante aos estudos, participou da implantação do programa de alfabetização de adultos, o antigo MOBRAL, realiza trabalhos sazonais para o censo geográfico do IBGE na zona rural, e ainda encontra tempo para ser representante de uma editora da capital, vendendo coleções de livros nos municípios vizinhos. Na década de 1970, conclui o curso superior em pedagogia, realizando na sequência especializações e complementações, abrindo novas oportunidades profissionais.
Torna-se docente da Associação de Ensino de Itapetininga (AEI) nos Cursos Normal e de Especialização para a Pré-escola, leciona as disciplinas de didática, prática de ensino e história e filosofia da educação, sendo convocada também a lecionar nas Faculdades da AEI, chegando a Professora Titular, onde seguiu trabalhando até sua aposentadoria em 1995.
Contudo, realizou ainda assessorias educacionais para a regularização dos registros de vários estabelecimentos educacionais privados da cidade.
Celina além disso, participou como membro voluntária em diferentes instituições do município, dentre os quais lembramos do Conselho da Santa Casa de Misericórdia de Itapetininga e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).
Por alguns anos colabora com a Cooperativa Agrícola de Cotia, nos cursos que ministravam durante as férias de julho aos japoneses dos municípios vizinhos, onde abordava questões da Comunicação Social e Relações Humanas.
Como uma mulher muito presente no interior da comunidade cristã da cidade, Celina também integrou entidades religiosas desde a adolescência como “As Filhas de Maria”, posteriormente na “Irmandade São José” e contemporaneamente na “Irmandade do Conselho Vicentino”.
Mesmo depois de aposentada e ingressando no universo da terceira idade, permaneceu extremamente ativa, participando da criação da Associação do Bem Viver, sendo sua primeira Diretora Social. Época em que também frequenta o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gerontologia na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e ainda, por anos canta no Coral Municipal de Itapetininga.
Mãe muito amada, exemplo e referência para toda a família, gostava de compartilhar a narrativa profissional e familiar, transmitia suas histórias do magistério e de seus antepassados com gosto.
Esteve à frente do seu tempo, sempre empenhada em todas as rotinas domésticas, onde, além de costurar, se mantinha focada nos cuidados e na educação dos seus três filhos, dos quais muito se orgulhou; todos os três com carreiras profissionais distintas e ao mesmo tempo, dando continuidade à tradição docente da família, atuando como professores em suas respectivas áreas.
Acredita-se que muitas pessoas devam ter lembranças da professora Celina Barreto, pelo seu carisma, bom humor e generosidade, e também, pelo seu desprendimento, junto à sua capacidade de estar sempre disposta a colaborar com as pessoas, instituições e a cidade nos momentos em que se exigia uma pessoa determinada a trabalhar com responsabilidade pelo bem comum.
Em 1° de maio de 2022, Celina festejou com parte da família seus 95 anos, um momento extremamente alegre. Porém, alguns dias depois sua saúde se agravou, uma vez que já se encontrava fragilizada. Na sequência, mesmo em tratamento médico, veio a falecer no dia 10 de junho de 2022. Seu velório e sepultamento foram realizados no dia seguinte; embora restrito a familiares e amigos, recebeu homenagens de inúmeras pessoas e entidades por meio de condolências e coroas de flores, enviadas por aqueles que de alguma forma manifestaram seu Apreço à memória da Celina Barreto.
Muito obrigada Mamãe, por ter permanecido tanto tempo conosco; muitas saudades dessa fortaleza de mulher, das conversas, das risadas, de suas tiradas espirituosas. Pessoa admirável, que sempre honrou com humildade e sabedoria todos os papéis que ocupou nesta vida. E como a senhora sempre dizia: “prá lá nos vamos”! Descanse em paz Mamãe amada, Vovó querida e Bisa encantada!